quarta-feira, 25 de abril de 2012

38 Anos depois, o que ainda resta das conquistas do 25 de Abril?


A canção “E depois do Adeus” interpretada por Paulo de Carvalho foi o sinal que deu início à revolução de 25 de Abri de 1974l terminando com uma ditadura de  48 anos para instaurar em Portugal um regime democrático.
Em 1974 a Democracia herdou um Portugal rico em ouro mas estruturalmente pobre, rural, analfabeto sem infra-estruturas sanitárias, viárias e outras, que reivindicava suas terras de outras gentes, querendo manter um império numa altura em que as grandes potencia já tinham procedido à descolonização. O 25 de Abril quebrou amarras com o passado e procurou dar aos portugueses uma vida digna, na qual os direitos fundamentais fossem garantidos para todos, tendo como bandeiras de uma liberdade a sério a paz, o pão, a habitação, a saúde e a educação.
Passados 38 anos o 25 de Abril volta a ter um protagonismo pouco habitual nos anos anteriores, pois vários portugueses se viram confrontados com uma prática política que nada tem a ver com a revolução dos cravos, levando-os a questionar que tipo de Democracia é esta que escraviza os trabalhadores, destrói o Estado Social e esquece os direitos básicos dos cidadãos.
Como foi possível este trajecto que permitiu com passividade sermos desgovernados por políticos elaborados pelo marketing, extraídos directamente da carreira partidária com pouco ou nenhum capital profissional conhecido fora do seu círculo de amizades para satisfazer os vorazes desejos duma clientela cega perante as dificuldades de quem tem que lutar anos e anos com o dia-a-dia, surda perante quem está no terreno a lidar com os problemas e arrogante perante aqueles a quem devia servir?
Com que direito se expulsa para emigração jovens que batalharam para tirar um curso com pouco mais de 20 anos quando os políticos que dirigem os destinos do país só os completaram perto dos 40?
É preciso fazer acordar Portugal. 800 anos de história não se podem deixar humilhar assim tão facilmente. A Democracia só existe se o povo não abdicar da sua força e da sua capacidade para mudar o rumo à História. A Democracia existe para servir o povo e não para servir os que se servem do povo para viver à sua custa, subindo a escada do poder à custa da despudorada venda de ilusões que acabam sempre por revelar a face da mentira.
A Democracia não pode ser utilizada como meio do povo se flagelar a si próprio. Mudar o destino do país está e sempre estará nas mãos do povo. Mais que uma revolução de armas é fundamental uma revolução de mentalidades. Não podemos estar sempre à espera dum D. Sebastião que venha resolver os nossos problemas e dificuldades pois esse tipo de salvadores da pátria só nos leva a Alcácer-Quibir. É preciso mais cidadania, mais intervenção, mais conhecimento dos problemas, mais audácia para sair do atoleiro onde nos encontramos. E coragem para dizer “Basta”.
25 de Abril é sempre que o povo quiser.
25 de Abril é sempre que o povo ousar tirar o chicote a quem o açoita sem respeito.
25 de Abril pode ser hoje, amanhã, daqui a um mês, um ano, 10 anos, mas há-de voltar a ser!... 

sábado, 14 de abril de 2012

Identidade Mediterrânica, um factor a potenciar

            Os povos do sul da Europa, nos quais se tem de incluir a França, por mais que ela queira fugir ao seu destino e identidade, têm um património cultural, biológico, social e cultural que os deve unir, em vez de os afastar.
            A nossa civilização cresceu e desenvolveu-se na bacia mediterrânica, primeiro no Médio Oriente, onde nasceram as primeira civilizações, depois no Egipto, para atingir a sua grande explosão na civilização Grega, a qual nos trouxe importantes contributos quer a nível da Artes, quer a nível das Ciências, de que são exemplos a Medicina, a Filosofia, a Física, a Astronomia, a Matemática, a Politica e nos trouxe sobretudo a Democracia.
            O império Romano, que lhe sucedeu, trouxe um modelo de administração, uma língua, um padrão que marcou definitivamente os povos que viveram dentro dos seus domínios.
            A invasão dos bárbaros do centro da Europa apenas trouxe as trevas da Idade Média.
            Foi a audácia e o espirito inovador dos Portugueses que levaram a que estes se metessem em pequenas embarcações para descobrir novos mundos fora da Europa, palco de guerras sucessivas, saturada por um feudalismo belicista que escravizava as populações, descobrindo o nosso país a sua vocação atlântica, a qual volta a fazer cada vez mais sentido neste pobre canto esquecido e humilhado da Europa.
            Também a nossa vizinha Espanha, teve um papel igualmente grande nesta descoberta de novos mundos, sendo responsável pela descoberta da América e pela iberização da América Central, de grande parte da América do Sul e de uma porção cada vez maior dos Estados Unidos da América.
            Podemos dizer com orgulho que os povos Ibéricos abriram novos horizontes, expandido o mundo conhecido, exportando a nossa cultura língua e valores para vários continentes, dando origem a novos países, realizando a primeira e verdadeira globalização.
            A revolução francesa trouxe o povo ao poder, projectando de forma ímpar os ideais da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, bem queridos da Esquerda mundial e que a Direita nunca teve a coragem de contrariar assumidamente, se bem que o faça de uma forma encoberta.
            E a Alemanha? A arrogância alemã trouxe ao mundo dois sangrentos conflitos de que saiu sempre humilhada e destruída, uma lição que não deveria nunca esquecer.
            Foi precisamente o efeito devastador da segunda guerra mundial que esteve na origem da criação duma comunidade europeia que pudesse servir de tampão a qualquer desejo expansionista e belicista que voltasse a trazer a dor da guerra mais uma vez a este continente.
            Hoje em dia a União Europeia está dividida em PIIGS e não PIIGS. Penso que é chegada a hora dos PIIGS levantarem a sua cabeça, honrarem o seu passado e dar um murro na mesa - e se preciso um pontapé - nesta Europa que os rejeita, para se unirem em torno dum plano comum que torne novamente válido o projecto Europeu.
            É minha convicção de que se os países latinos do sul da Europa (PIIGS + França) se organizarem em bloco e agirem em conjunto, podem funcionar como um novo um gigante cultural, económico e militar com capacidade para se afirmar autonomamente num mundo globalizado, com capacidade para sobreviver a uma Europa utópica, germanocêntrica e cada vez mais nacionalista, que se afunda de dia para dia.