terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Europa a ferro e fogo... Brevemente num televisor perto de si?


por Socialismo no Século XXI: uma Utopia, uma Mentira ou uma Solução?, sábado, 5 de Novembro de 2011 às 13:01
   
         Com a bancarrota disfarçada da Grécia, o colapso iminente de Portugal, a pressão dos mercados sobre Itália e Espanha traduzidas em taxas de juro a crescer progressivamente, a Europa está a ser arrastada para um descontrolado redemoinho que a ameaça engolir a qualquer momento.
            A tentativa de colocar a Europa a marchar ao ritmo do compasso alemão está a deixar para trás os países periféricos que se vêem obrigados a aplicar austeridade sobre austeridade para tentar compor as contas públicas, num exercício que mais não resulta do que no empobrecimento forçado das classes médias desses países, assaltadas pelos governantes para pagar contas que não cessam de aumentar.
            A diabolização do funcionário público é o primeiro passo de uma estratégia que visa destruir o Estado Social, diminuir os custos do trabalho e os direitos dos trabalhadores num retrocesso sem precedentes que nos remonta ao princípio da revolução industrial.
            Numa primeira fase a Europa quer ver-se livre dos gregos para salvar a Grécia, depois irá querer ver-se livre da Grécia para salvar a Europa, tal como o fará com Portugal, seu secular companheiro de desgraça.
            Pensarão os alemães e os franceses que a exemplar punição dos PIGS porá a salvo o seu nível de vida e os seus direitos sociais e que as suas fortes economias estarão imunes aos ataques dos mercados, mas tal não passa de uma ilusão pois o empobrecimento forçado da classe média dos países periféricos vai levar a um êxodo dos profissionais mais qualificados para os países mais ricos que acabarão por competir com a mão-de-obra local criando condições para uma desvalorização do trabalho nesses países, proporcionando às respectivas empresas meios para se tornarem mais competitivas a nível de mercado. Por outro lado, se a perda de poder de compra dos PIGS vai diminuir o volume de importações desses países relativamente à Alemanha e França, também por outro lado irá diminuir as importações de produtos chineses, cuja exportação potencia a importação chinesa de produtos de luxo alemães, com efeitos negativos na balança de transacções Alemanha/China.
            Nos países intervencionados, a imposição de mais austeridade só deixa a escolha entre miséria e miséria, levando o povo ao desespero o que vai propiciar ambientes favoráveis a uma contestação violenta generalizada, ainda mais com uma finada classe média proletarizada à força, forte indutor das revoluções que se sabe como começam, mas ninguém sabe como acabam, e que poderão atingir padrões semelhantes a uma guerra civil a qual culminará fatalmente em regimes totalitários a nacionalismos exacerbados  e a conflitos entre países e etnias.
            Se olharmos para a História confirmaremos que a Alemanha que já provocou duas guerras mundiais e quando lhe forem aplicadas pelos donos do capital as receitas que agora estão a impor aos países periféricos, poderão vir à tona sentimentos xenófobos que vimos recentemente na antiga jugoslávia, tendo em conta a crescente população emigrante nas duas mais desenvolvidas economias europeias, principalmente se aqueles a que Sarkozy apelidou de escumalha se revoltarem e voltarem a incendiar as ruas das principais cidades da Europa.
            Uma Europa em conflito é um terreno propício a uma nova intervenção redentora dos EUA que a vergarão aos seus interesses como fizeram na Líbia, Iraque e Afeganistão, intervenção esta que será paga com a reconstrução europeia feita pelas empresas americanas e que é ao mesmo tempo uma tenebrosa solução para um planeta superpovoado.
            Só uma nova Europa, construída na base da solidariedade, que trate de igual modo todos os seus habitantes, com uma administração comum, uma política externa comum, uma língua oficial comum, umas forças armadas comuns livres do cordão umbilical castrador que as subjuga aos interesses dos EUA, só esta Europa será capaz de bater o pé aos EUA (e às potencias emergentes) e defender o interesse dos europeus.
            Os alemães têm de perceber que só defendendo a Europa como ela foi pensada inicialmente é que poderão defender os seus interesses nomeadamente alargando o perímetro de segurança das suas fronteiras, caso contrário voltarão a ficar isolados e mais facilmente vulneráveis a ameaças exteriores.
            A solução para a crise europeia tem de ser primariamente política, tomada por pessoas com capacidade de contextualização histórica e social, com visão estratégica global, com capacidade de mobilização de consciências de modo a que os interesses imediatos não condicionem os interesses mais futuros e duradouros de um ambicioso projecto de criar um espaço de prosperidade, tolerância e paz numa região do globo rica em património histórico e científico, mas também sede dos maiores e mais sangrentos conflitos que assolaram o planeta.

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