terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Europa, o fim de um sonho?

            Sou da geração dos que cantavam “Quero ver Portugal na CEE”, dos GNR. Sempre acreditei num projecto europeu que transformasse a Europa dos Estados, nuns verdadeiros Estados Unidos da Europa, onde se pudesse ser Europeu desde Portugal à Grécia, passando pela Grã-Bretanha, Suécia e Alemanha. Acreditava numa Europa política, mas também social, que potenciasse o desenvolvimento de modo a atingirmos o nível de vida dos nossos parceiros mais desenvolvidos.
            Tive oportunidade de visitar Berlim na altura da queda do muro e não me deixava então grandes dúvidas que bastariam poucos anos para que a Alemanha de Leste se equivalesse à sua irmã maior. A realidade contrariou no entanto as minhas previsões e ainda hoje, passados mais de 20 anos ainda há “alemães de leste”.
            A Europa pensada como eu acreditava que seria esquece diferenças e ódios seculares, realidades separadas por línguas, características morfológicas e maneiras de encarar a vida e o viver em sociedade radicalmente diferentes, num misturar princípios imiscíveis que ronda o limiar da utopia.
            A crise económica mundial precipitou as economias mais débeis da zona euro para situações aflitivas, tornando inevitável o recurso à ajuda externa, constituindo a primeira prova de fogo da solidariedade e unidade europeia.
            Numa altura em que seria de esperar um apoio das economias mais fortes da União Europeia, o que se observou foi um sacudir da água do capote, separando os Europeus em Europeus de Primeira, os do Norte e Europeus de Segunda, os do Sul. Em vez de Europeus passamos a ter Gregos, Alemães, Franceses, Irlandeses, Portugueses, etc. Em vez de convergir, os nossos parceiros ricos da União Europeia dizem que devemos divergir e empobrecer.
            Será que uma Europa que apenas nos quer debaixo da mesa, que entende que devemos ficar mais pobres, com baixos salários, mais precariedade e com menos direitos sociais é aquela Europa que sonhávamos? Será que é uma Europa que nos interessa?
            Eu por mim ainda não sou “eurocéptico”, mas já não tenho tanta convicção no “quero ver Portugal na CEE”...

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